Topos (2)

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Dois topos de morro. À esquerda, Beam Drop Inhotim, de Chris Burden (2008). Ao ar livre, surge uma gigantesca escultura formada por estacas de ferro, sobras da indústria de construção pesada, de mais de 10m de altura cada, lançadas em queda livre de uma grua sobre uma piscina de concreto ainda mole. Na medida em que o cimento secava a escultura se consolidava. O que se obteve foi algo da ordem da variação. Elas se aproximam, às vezes se tocam, mas mantém sua unidade de espécie, ao mesmo tempo que, cada uma, sua singularidade. De fato: nenhuma estaca é igual à outra, seja pela forma, pela massa, pela localização relativa às outras, pelo ângulo em que se acomodou em sua sepultura de concreto. A pintura grosseira dos tratamentos anticorrosivos (e às vezes a própria ferrugem, que surge impotente frente a quantidade do ferro e a qualidade do antídoto) constitui a paleta de cores. Em todo o parque, é a obra menos vigiada. Raramente se vê os monitores – me refiro a pessoas –  em seu entorno. Não tem prédio. Não tem corda. É livre a circulação por dentro da escultura. Pode-se até percuti-las, golpeando forte com os punhos, com os pés. O som produzido reverbera por todo o vale, que se avista em paisagem descortinada.

 

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